sábado, 4 de dezembro de 2010

Culpas


A culpa culpada foi de te-lo culpado

Culpada se sentia por não fazer nada
O culpado de fato não se culpa de não ter sido culpado
A culpa se culpa pelo fato
O culpado culpa a culpa
Que se desfaz em pranto amargo

O culpado se desculpa da culpa que tem
Mas que não tinha antes da culpa o culpar
A desculpa do culpado não desculpa a culpa que tinha
Que a culpa, ainda culpada, culpa
O culpado que já estava

segunda-feira, 11 de outubro de 2010


De um canto a outro,
Instantes instáveis.
Dos formosos cachos que antes me envolviam
Apenas o sol ainda os deseja tocar.
Se em mentes antes escondidas
Ainda pretendo, sem que muito,
Os teus lábios tocar.

Uma núvem formosa
Em famas me esconde
Já não podemos mais ver o que temos
de novo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nieve

Numa noite fria
flocos leves me tocam a pele ao andar pela rua
o polo chegou a mim
ou sou eu que estou a encontra-lo

numa tarde de sol comgelante
os caminhos me foram tomados brancos
ar ruas que cheias se esvaziam
apenas eu a contemplar os flocos

um céu azul se abre descontente
como a sacanear-me por nao querer aquecer-me

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Trevas


Um canto simples e obscuro
Não há nada que o mundo veja
Neutro canto à luz eterna
Apenas almas contemplam a vista

Do canto obscuro surge uma alma
Mas o que estava ela fazer daquele lado?
Nada seria sua resposta
Tudo, porém, ela profetiza

Do lado cláro vem andando uma alma negra
Gémeas poderia considerar-lhes
Não fosse a limpidez das trevas e a tenebrosa claridade.

domingo, 27 de junho de 2010

Planos


Num canto em recanto o encanto estivera

Contemplando o que passava em passo largos,
Escutando tudo que os outros disseram.

Num canto em recanto meu peito se afaga.
A esperar de tua boca tal humilde palavra.
Naquele canto de encanto
O que se fez homem se desfaz em torre,
O que se fez bicho se reencontra em panos.

Os planos!
O que fizemos deles?
Planos que já não foram,
Nem se vão.
Planos que não se passam de panos
Sujos e sujismundos.
Estiveram em um canto
Junto ao desencanto de não ver-te mais

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Onde está tudo

Onde está o caus
Onde está a ordem
Onde está o fim
O que diabos foi o começo

Onde está tudo

Onde estive ontem
Onde estás agora
Onde foi que se perdeu a ultima aurora
Onde foi?

Se fora no mar: me mande uma garrafa
Se no vento: uma palma
Se na luz: uma pausa
Se no tempo...
Este espero, um dia me responda

quarta-feira, 17 de março de 2010

sonetos: sonhos de vento

Uma escada turva e sintética
Não alcança onde deveria
o andar de cima

o que todos gostariam
o que todos sempre complicam
o andar de sima
o sonho para quem
o pode ter
o desencontro de que não vê chover

de lá poderia melhor ver a lua
e quem sabe o sonho dos outros
os meus perdi, junto com minha mala e travesura

no caderno novo que ganhei só se encontram versos
sem sentido, sem um desejo definido
no diario que um dia escrevi
haviam sonhos, não os meus, mas os de quem escrevia
ora seus, ora deles
os quais bem presentes
que um dia já foram mente
que se realizaram mas não no andar de cima

lá ninguém chega,
a não ser que se termine a escada
mas é arriscado todos os sonhos, me disseram

Estão lá trancados.

terça-feira, 9 de março de 2010

Escadassando

Uma escada turva e sintética
Não alcança onde deveria
o andar de cima

o que todos gostariam
o que todos sempre complicam
o andar de sima
o sonho para quem o pode ter
o desencontro de que não vê chover

de lá poderia melhor ver a lua
e quem sabe o sonho dos outros
os meus perdi, junto com minha mala e travesura

no caderno novo que ganhei só se encontram versos
sem sentido, sem um desejo definido
no diario que um dia escrevi haviam sonhos
não os meus, mas os de quem escrevia
ora seus, ora deles

os quais bem presentes que um dia já foram mente
que se realizaram mas não no andar de cima
lá ninguém chega,a não ser que se termine a escada mas é arriscado
todos os sonhos, me disseram
Estão lá trancados.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Dialogo em delírio


Deitada sobre a cama

Belos peitos que desprovidamente se mostram
Entreabertos lábios palpejam sob formas
Inconsciente se desdobra
Não puderas tu ser menos bela?
Para dar-me menos trabalho fechando a janela
Para que outros de supetão não a contemple
Não a seus lábios tente
Para que não queiram o que só a mim pertence
lábios entreabertos
Que me chamam carentes
A pedir beijos ardentes
Que entre dente e repente não queiram ser mente
E sim contente
Para que em momento repente não se mostre ausente
De dadas farturas citadas
De dadas mãos encontradas

Apenas pare, me contemple
Pois quando abrira os olhos fui eu que aqui estive
Mesmo que desse estar no entrave
Fiquei aqui para tocar tal iluminada face
Que não só aos olhos esbanjava
Como agora toca minha mão
Talvez me queira junto ao chão
A seu lado quando partir
Em um canto para sorrir
Entenda, em encanto, sutileza me perdi perante a beleza
Que me devora ao sorrir
De um caminho que tracei
E esqueci-me que torci
Para ver-te nesse estado
E roubar o amor de teu peito meu amado!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Poeta a um ator


Ainda temos muitas coisas para viver
Muitos caminhos a percorrer
Se será o certo apenas o futuro nos dirá
Não deixe que ar frio e gélido
Petrifique vosso coração
Não deixe que se percam as janelas
Não permita que decresça o encanto

Apenas atos e novos encinamentos
Apenas pontes que contemplam o vento
O que aqui se encontra em muito não voltará
Aproveite o momento
Deixe que o amanhã ainda virá
Tornar-se-a hoje e agora
Tornar-se-a encanto e aurora

Novamente tocante no tablado
Estupidamente triunfante no estádio
Mentes o contemplam
Mestres o instruem
Para novamente nos raptar
E simplesmente olhos se encontrar