sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Friagem

Campos gélidos a caminhar pela noite
Simples corpos a se encontrarem sob as estrelas
A serem iluminados por pequenas constelações

Uma brisa paira sobre eles
Não se importam com o que ela tenta avisar
Um cheiro de polvora é trazido
Nada que queiram aceitar

Os corpos continuam sobrepostos
Em seu ato de engústia 
Um último ato de clemência 
Que general algum pode apreciar
Um çultimo ato
Antes não compunha o cenário 
 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Descomplica

Descomplica meu filho 
O que queres fazer?
Deixe de bestera tu não vai ter o que fazer!

Descomplica meu menino.
Não vejo vão o seu negócio
Tu não há de se meter com o novo sócio

Descomplica pelo que mãmãe há de dizer
"que tu não há de fazer isso"
"que tu não há de enrriquecer"

Descomplica
E ve se tu aplica
Naquela bolça que apresentei-te outro dia
  

sábado, 5 de dezembro de 2009

Todavia

Todavia algum feito
Tudo que queria é ter algo feito
Tudo que fiz foi ter isso desfeito

Vem vantagem que não quiz
Vem reportagem que não fiz
Todavia me esqueço
Todavia mais eu apareço

Foi o tudo que suporto
Foi a estante que não aprovo
Todavia ficou feio
Todavia era algo teito

o que o moço ali faz
O que a garota não quer com ele
Todavia querem bem
Todavia ela não o quer tão bem

Fui fazer o que devia
Todavia não faria
Fui encontrar o que não vem
Todavia não o quiz também
Fora fazer o que é devido
Todavia quiz ter dito
Fora esquecer o que convém
Todavia hei de me lascar também
 

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Des-sonhar

Uma noite a caminhar por campos gélidos
Uma estante a percorrer sob livros amarelos
Um lensol a cobrir corpos fétidos

O ocorrido não se passava no deserto
Não queria estar refugiado lá por perto
A podridão de mamuites putrefeitos já os atormenta
O estado de desolação não alimenta

O ocorrido não se passava no deserto
Não há lensol que possa os cobrir
Não há noite que possa os confortar
Não há rumores com o qual devam se importar

O ocorrido não se passava no deserto...

Campos gélidos a caminhar pela noite
Livros escorrem pela estante
Fétidos corpos semi coberto em fria noite
Agora compõem mais um armário da estante 

sábado, 3 de outubro de 2009

Solar

O sol se põe
A noite insiste em sair
Ou é apenas o sol que precisa dormir?

Passos suaves se dirigem a mim
Não são os seus.
Você não me disse que viria hoje

Não insisto em questionar 
Queres tanto quanto eu
O que queres é o oposto a ti
O que está posto a ti
Disposto sem que o ato venha a despir

A lua se despede,
Tão sorridente quanto lágrima que corre
Tão insistente como uma lebre que não foge
Conformada com sua condição
De entregar aos amantes
Novamente a solidão. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Botas novas


Já, já, já sim!
Já me contaram que foi o fim
Que não vi, que não estive ali
Mas e ai quando vai ser?

Ser?
Ser o quê?

Oras a parada?

Já foi, foi esta manhã, parou
Não mais funciona
Apenas estática, apenas fria
Não responde
Não entende
Não contempla

Não! Não!
Quero saber da despedida!

Já foi, foi hoje
Não mais fala
Não mais ouve
Não mais faz nada

Não, não! O enterro!

Ah! Esse?
Esse não sei, mas não há de tardar
Afinal foi hoje, esse há de ser amanhã 


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Retcente

Palavras, palavras,
o que quereis de mim, palavras?
quereis um novo canto?
quereis que vos jogue ao vento?
digam-me!
mas sem muitas palavras...

Palavras, palavras,
Não podeis vós entrar em greve
não podeis deixar-me assim
sem com que falar
sem como perturbar

Palaras, palavras,
sois belas intidades
sois o encanto de quem as tem
mas também a dor de quem persiste

Palavras, palavras,
Quero-lhes bem,
não ei de manipulalas, por hora,
não ei de desgastá-las
não quero que joguem-me fora
por simples não saber o que dizer.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Noiteça


Um lápis jogado ao canto
Todo o instinto revirado
Um sol se pondo em vento
O último desencanto que incremento

O sol se põe agora
Com ele o vasto e trêmulo desperta
O último espéctro de tranquilidade grita
Agora apenas a noite governa o ar
Apenas os morcegos insistem em voar

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Manha


Eu aqui, você aí
Aqui, alí
Quem mais será?
não dá,
eu não saber quem ser

O que é?
Já não sabo não emplaco

Pare com isso!
Eu aqui, você aí
Vem pra cá!
Quero contigo junto desfrutar
O que Eva nos permitiu tocar

Aqui, alí
Deixe de manha
Não queira fama
Que isso tudo desanda
Seja aqui
Isso
Aí!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Vó, Mãe, Tia... já não sei... Não tem

Não quero descer
Me toma um medo
De faltar-lhes o respeito
E agora como posso eu sair daqui?
Deve de estar tudo turvo
Como uma névoa que plana sem horzonte certo
Medo, corpo, solidão
Plenitude, alcorão

Tá tudo errado
Os africanos festejam esse dia
E nós aqui
Eu com receio de vê-los
E eles sem o chão a que pisar

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Complico


Complicar o complicado
Como é insensato
Temos tudo complicado

O casamento já se tornara complicado
Os escritos se tornam complicados
Por que tanta mania de complicação?
Se é no simples que se tem a construção

Olha só meu caro
Não quero um trem complicado
Só um cantinho, um pouso para meu encarno

Não, não quero esse é muito complicado
Nem sei como é que hei de abrir!
Não me vem com simplicidade que é complicado
Não sou eu quem estou complicando
É o senhor que queres me vender um negócio caro

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Hereges


Pratos, quadros quadrados
Cadeiras, mesas destenças
Trovadores, trovões trovejando

Uma infinidade de vazio
Um encanto em sutil
Corpos que se jogam
Atracam-se
Enquanto eu aqui sentada
A ver tal heresia

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Desgastado


É-se necessário falar do mundo e não de nós!
Faz-se urgente a abordagem da realidade!
É-se repugnante o tratamento com o proletário!
É-se desgastante o vento no encouraçado!

Façam-me algo
Que não venha a me glorificar.
Façam-me algo
Que não me deixe quietar.

Quero ouvir de ti:
O que tem lá fora?
Por que tenho de estar trancado essa hora?
Ainda não é noite e já me recolho...
Diga-me por quê?
Quero andar pela rua,
Poder, quem sabe, olhar as estrelas;
Mas não,
Me recolho pois lá fora já não são mais os bons que mandam
.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Poema de minha vida


Palavras simples foram a mim ditas
Nano samba de alma entonado
Apenas frases: ricas e destintas
Desencontros de mentes em perplexo

Um novo canto em novo tom clemente
Uma fada singela seme entende
Que daquilo que muito se foi rende
Daquele canto que cantara ausente

Pobres das palavras que petrifico
Poderão não entender. Não caber!
Mas o que já não se pode vos digo

Sois apenas póbres e eu inimigo
Que vos busca em silêncio ceder
Venham amadas a cantar comigo

domingo, 26 de abril de 2009

Impaciência

Para que esperar?
Nada espera,
O tempo não espera,
A vida não está esperando!
Então para quê?
Para simplesmente passar?
Para simplesmente não aproveitar?


Mas então pergunto-te:
O que fazes enquanto reclamas?
O que está fazendo enquanto queixa-se?
Se queres teu tempo!
Por que o disperdiça reclamando?
Por acaso ele para ao reclamar?

sábado, 4 de abril de 2009

Cidade singela


A cidade está dormindo
A única coisa que se pode ouvir
É o ronronar das varandas
O vento sordido que toca o concreto
As frias mulatas que se expõem a rua
Os veus negros que se dissolvem em grito

Nada além do semblante
Nada além de vermelhas poças
Um mundo eterno em defronte

segunda-feira, 30 de março de 2009

Soam


Pássaros voam
Pessoas se vão
Lâmpadas se apagam

Cada momento
Cada sonho
Cada um uma marca

A teu lado não sinto mais nada
O mundo se vai
Tudo se acalma

Protege minh’alma
Me soa cada palavra

segunda-feira, 23 de março de 2009

Passagens


Tic tac, tic tac.
O tempo passa
Tic tac, tic tac
Mas como passa
Tic tac, tic tac
Nem tudo passa
Do mesmo jeito
Para todos

Para quem não passa?
Para quem não tem mais a graça
O envolvimento
Quem não pode mais sentir o vento

Para quem passa?
Para aquele que ainda se sente livre
O ser que não se contenta com o pouco
Não se contenta com o vago
Que busca o conhecimento no pasto
No vento, mesmo no escasso
Para esse o tempo é vento
É amor, tem harmonia e é amante
Tem sentido, que não é constante.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Pensares


Um pensamento
A ilusão
O ultimo vagão
Nenhum deles pode me ver
Apenas os observo
Negros e severos
Nenhuma mente pode contemplar
Pois sou o pranto
O desencanto

Nada que os homens compreendam
Se me vissem
Se pudessem me ver
Não entenderiam
Teriam dó
Assim como tem dos meus semelhantes
Apenas passam
Descartam
Não se importando com o passado

Nada que um homem tenha
Pertence a ele
Tudo que tem o ilude
E aqueles que não têm ainda vivem
O perturbam
O tornam imundo
O faz sentir maior
Embora não seja mais que eles são

segunda-feira, 9 de março de 2009

Futuro futurar


Não queiras por bem futurar-se
Sem saber se é possível
Não estejas em mão para amar-me
Em guerra e coragem
Future-se não para o bem
Não para apenas estar
Future-se a ponto de poder amar
Não só as estrelas como também o mar

Tudo que nos envolve é belo
Não cabe apensa em mim
Não cabe apenas em mãos alheias ao pecado
Alheias a tudo

Estejas em mim
Future seu filho amado

segunda-feira, 2 de março de 2009

Vidada


Por que se cala?
Não há motivos
Tem-me toda a ouvidos
Por que não falas?

Não é possível não ter mais língua
Por que te calas?
Não é possível não ter mais vida

Em cada momento
Em cada ação
Sem vida nada seria
Nada estaria

Por que me insulta?
Se não me falando desespero-me
Por que não foges?
Tentando ao menos um progresso

O silencio
Está me corroendo
Não suporto, não entendo
Apenas olho-te
Não compreendo
O que tens?
Diga-me!
Ou nada poderei mais fazer
Esperarei que o outro pássaro
Venha esconder-lhe

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Eu poético


Um eu caminha
Outro se crusa
Param a conversar
Outro trem com eus se curvam
Tentando escutar
Como eus curiosos
Aproximam querendo ampliar
Um procura
Enquanto o senhorzinho escreve
O 18º se esquiva
Ele já não gosta daquela esquina
Elege outra como favorita
Desencanta desanima
Rabisca
Se esquiva
Os eus andam tranqüilos
Uns conversam, outros se pintam
Uns se olham, outros se destinam
Nenhum deles sabe o que quer
Não conseguem ver o outro
Apenas eus
O que o ego vê

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Desfeixo


Vejo pessoas
Garrafas
Baratas que andam por seus corpos
Seus copos
Vazios
Todos a contemplar
Mas o quê?
O negro?
O escrúpulo?
Nada mais lhes importa
O que querem é:
Viver? Ou não viver?
Morrer? Ou apenas esquecer?

Nada mais importa
Tudo se foi a uma torta

Mas o que haverá lá?

Nada, apenas uma lua vermelha em sangue
Apenas um peito aberto em pranto
Nada de importante
Ninguém olha, já não se importam
É rotina, simples e normal

Mas por quê?

ninguém!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Lembrança perdida


Talvez o desejo da carne não queira ser totalmente verdade
Talves os motivos da idade não sejam verdadeiros
Talvez não me queira ver ao espelho
Quem sabe não me qeira ver feio

Ainda me lembro:
Tu não estavas lá
Sei que já não podias me amar
Já não sabias onde estava
Simplesmente já não lhe encantava

Os cantos que antes cantava
Já não posso cantar
Onde será que estás?
Como pudera eu partir?
Como pude não sentir?

Um estouro
Todos gritam
Nada vejo
Já não sinto o joelho

Estou aqui
Diante do espelho
A tentar abrir os olhos
A tentar entender o motivo
Já não há saida
Simples, não posso viver minha vida!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Desejo...


Os pensamentos que me tomam
Me devoram assim como
seu corpo me devora agora.
Tudo que quer que faça,
Tudo que quer que diga,
Não ainda ingora.

Todos os corpos que observam
O movimento não se revelam ao alento.
Todas as estadas ainda no contento.
Todo calor que ainda contemplo.
Todo o belo mundo de fermento.
Todos os belos espaços do convento.
Tudo que ainda no vento.
Tudo que desde o início entro.
A envolver nosso esqueleto.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Não se pode aprender


O que buscas no infinito além do horizonte
Não é apenas tua vontade
O que queres não é apenas
Escrever-me;
É mais que caminhos
Mais que alusivos
Tudo que não se encontra nos livros
Como amar
Como entender
Como soprar


Cousas que apenas serão vividas
Jamás em algum lugar escritas

sábado, 24 de janeiro de 2009

Entre estrelas


Sol, mar
Nada melhor
Nada a pensar

Um garoto
Meu amor
Um sorriso
Meu pescoço

Nada que as estrelas não vejam
Nada que o mar não abençoe
Dois corpos a se olhar
Apenas a sentir
A brisa nos levar

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pastagem

Noites mal resolvidas.

Amores inacabados.

Encantos perdidos.
Encontros deixados
Dentro de uma caixa de sapato.
Apenas canções cantarei
Tentando deixar de lado
As coisas que não se passaram.
Os momentos que não ocorreram.
Pequenos trovoes soam a escada.
Novas emoções não encontradas
Por apenas vagos pensamentos.
Por estábulos vazios.
Arvores de espinho.
O instante em suspenço.
Total não esquecido

domingo, 4 de janeiro de 2009

Romance moderno


Dois corpos se entrelassam
Duas vozes se confundem
Unem-se
Num único movimento
Numa única ação
Num simples olhar
No meio da multidão
Tornam-se um
Transformam-se em dois
Desunem
Desencantam
Desfazem
Despedem
Desejam
Repetem
Repelem
Não entendem
Repreendem
Descreem

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

In-título


O que toda a complexidade do mundo envolve?
Cada ato não pensado? Cada beijo não dado?

Por que me sinto mal pelo que não fiz?
Como posso me sentir mal pelo que não controlo?
A todas essas perguntas vejo apenas uma resposta: humano
É esse o tom que devo levar a minhas conclusões: humano
É esse o caminho que devo seguir: humano
É tudo que não posso controlar que devo consentir: humanos


Nem sempre o que vem à mente de outros é o que vem à mente de apenas um... Nenhum ser pode conter toda a humanidade (pelo menos não um que exista).
O que é a existência? Se não um viver buscando coisas que possam satisfazer meus desejos mais ocultos, que cultivo no fundo de minha alma que ninguém toca. Que nenhum outro sente. Todos os desejos e ações. Tudo que um dia foi canção. Canso-me de tentar achar palavras. Cesso-me a viver medíocre. Inundo-me de influências, sejam boas ou ruins, não importa! Apenas quebro a cabeça em um movimento desordenado de dedos e adagas, a penetrar uma a uma, em um crânio que não deseja mais consumir energia. Que não deseja mais produzir inutilidades.
Um homem qualquer diria: “nem tudo está perdido, ainda podemos recomeçar!”. Recomeçar o que? Se não há começo assim como não há fim. Não existe meio termo, não se pode ser parcialmente, a existência nos controla e dentro de nossos ossos planta a regar todos os dias paranóias, que deveriam ser controladas, mas não são. “Ou você controla o medo ou ele te controla, não tem meio termo”.